Andador Infantil: Herói ou Vilão?
É muito comum que os pais tenham diversas dúvidas sobre o desenvolvimento de seus filhos pequenos. E devido a essas preocupações, muitas famílias acabam utilizando algumas ferramentas que prometem auxiliar os pequenos no ganho de novas habilidades.
Um exemplo disso, é o andador, que tem como objetivo, auxiliar os bebês a aprenderem a andar independentemente. O equipamento consiste em uma base com rodas que suporta uma armação rígida que é apoiada em um assento com aberturas para as pernas e geralmente possui uma bandeja plástica.
A maioria dos pais escolhem este aparelho por acreditarem que ele incentiva o desenvolvimento e a coordenação motora do filho.
Mas, será que isso realmente acontece?
Antes de conhecermos os malefícios e benefícios desse aparelho, é preciso conhecer um pouco mais desse processo de desenvolvimento da marcha.
Diversas investigações presentes na literatura, reportam esse progresso: Abordando o desenvolvimento da postura e do equilíbrio, mecanismos neuromusculares e atividade eletromiográfica, características antropométricas, características cinéticas e cinemáticas de marcha.
É possível observar que, durante todo o primeiro ano da criança, ela passa por diversas transformações biomecânicas até a aquisição desse importante marco motor.
E tudo isso só demonstra que o desenvolvimento dessa nova habilidade, não é nada fácil para o bebê.
Além disso, essa nova aquisição não se resume apenas ao desenvolvimento de estratégias motoras eficientes. As habilidades perceptuais também contribuem para o desenvolvimento das estratégias de ação preparando a criança para os desafios do contexto. E a cada dia, o desafio do ambiente vai se tornando maior!
Andador: nem vilão, nem herói
Durante a aquisição da marcha independente o uso do andador infantil (AI) pode ser um equipamento para permitir a prática específica da atividade de marcha. Mas a verdade é que, a literatura ainda é inconclusiva sobre o assunto e os estudos que existem não encontraram diferenças na idade de aquisição de marcha.
Por isso, o uso acaba se tornando uma escolha pessoal dos pais, variando de acordo com crenças culturais, mitos sociais e/ou interesses pessoais.
- Nos EUA: 77% dos pais escolheram adquirir o andador infantil;
- 78% afirmaram que o andador infantil foi benéfico;
- 72% facilitou a aquisição da marcha da criança;
- 22% atrasa a aquisição da marcha ou pode causar acidentes.
É verdade que causa acidentes?
É VERDADE! Segundo o Sistema Nacional de Vigilância de Lesões Eletrônicas de 1990 a 2014: Estima-se que 230.676 crianças menores de 15 meses foram para a emergência dos EUA devido a lesões por andadores.
Além disso, os andadores de bebês foram responsáveis por mais de 2.000 visitas ao departamento de emergência em 2014.
- 90% acidentes com andadores de bebês envolveram ferimentos na cabeça e / ou pescoço;
- 74,1% dos incidentes relacionados ao andador envolveram a queda de uma criança da escada enquanto andava;
- 4% das crianças feridas foram internadas no hospital;
- 37,8% dessas crianças tiveram uma fratura no crânio, enquanto 30 % tiveram uma concussão ou traumatismo cranioencefálico.
Sabendo disso, fica claro que, lesões relacionadas ao andador infantil podem ser graves!
Atrasa a aquisição da marcha?
É MITO! Não há atraso na idade de aquisição da marcha em crianças que usavam andador, porém, as crianças que usavam andador tinham menor amplitude de joelho no plano sagital.
Mas as diferenças tendem a desaparecer após alguns meses de prática. Afinal, diferentes práticas levam a diferentes estratégias!