Como funciona a classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde - CIF?
(Classificação CIF)
Em 1980, foi idealizada a Classificação Internacional de Deficiências, Incapacidades e Desvantagens (ICIDH), que tinha como principal objetivo, responder às necessidades de se conhecer mais sobre as consequências das doenças e produzir sistemas de classificação que permitam a utilização de uma linguagem comum para a descrição de problemas ou intervenções em saúde.
Nesse período, algumas classificações foram feitas, como:
- “Deficiência”: falta da parte do corpo ou de função, como consequência direta de dano patológico;
- “Incapacidade”: consequência da patologia ou de deficiência;
- “Desvantagem ou Limitação Social”: consequência social da deficiência ou da incapacidade que limitem um desempenho de uma função.
Foi a primeira tentativa da OMS de organizar uma linguagem universal sobre lesões e deficiências, porém, ainda faltava algo que unificava toda essa informação. Além disso, esse modelo focava na doença e não abrangia determinantes que influenciam a saúde.
E como a CIF surgiu?
A CIF surge como um documento para estabelecer uma linguagem comum para descrever saúde e estados relacionados com a saúde – entre profissionais da saúde, pesquisadores, políticos, pessoas envolvidas no cuidado e pacientes. Proporcionando uma base científica para compreensão e estudo dos determinantes, estados e resultados da saúde. Além de ocorrer uma mudança, priorizando a funcionalidade, como componente da saúde.
Trouxe também, como principais benefícios:
- Permitiu a comparação de dados entre diversos países;
- Possui linguagem neutra;
- Levou a compreensão de funcionalidade e incapacidade nacionalmente e internacionalmente – Criando uma codificação para um sistema de informação de saúde;
- Permitiu identificar lacunas no cuidado.
Profª Dra Paula Silva de Carvalho Chagas
Principais pontos a serem abordados • Origem da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde • Componentes da CIF • Por que o Fisioterapeuta deve conhecer a CIF
CONDIÇÃO DE SAÚDE
São termos que descrevem doenças, desordens, traumas/lesões. Incluindo: circunstâncias como a idade, estresse, gravidez, anomalias congênitas, predisposições genéticas.
ESTRUTURA E FUNÇÃO DO CORPO
Funções do corpo: funções fisiológicas dos sistemas corporais, incluindo funções psicológicas;
Estruturas corporais: partes anatômicas do corpo, bem como órgãos e membros;
Deficiências: problemas em funções e/ou estruturas corporais com desvios ou perdas.
ATIVIDADE E PARTICIPAÇÃO
Atividades: execução de tarefas ou ações por um indivíduo – Atividades de vida diária (AVD’s)
Limitações das atividades: dificuldades que o indivíduo pode ter de executar atividades. Ex.: comer, higiene pessoal, vestir-se, sentar-se, locomover, comunicação…
Participação: envolvimento em situações de vida;
Restrição da participação: problemas que o indivíduo pode apresentar envolvendo as situações da vida. Ex.: comer com amigos, trabalhar com computador, ir para a escola, brincar com amigos, comunidade…
FATORES AMBIENTAIS E PESSOAIS FATORES DE CONTEXTO
Fatores ambientais: compõe o ambiente físico, social e de atitudes, no qual as pessoas vivem e conduzem suas vidas
São fatores externos ao indivíduo e podem ter influência POSITIVA ou NEGATIVA na performance na sociedade, capacidade individual de executar tarefas (órteses, dispositivos auxiliares de marcha), na estrutura e função corporal (próteses, medicamentos).
Fatores pessoais: compõem o pano de fundo particular da vida e compreende suas características que não fazem parte de uma condição ou estado de saúde.
Pode incluir sexo, raça, idade, outras condições de saúde, estilo de vida, hábitos, cultura, educação, profissão, experiências presentes e passadas, comportamentos…
Sabendo disso, fica claro que a CIF representa uma visão contemporânea de saúde e proporciona estrutura para auxiliar o terapeuta a definir objetivos e resultados de sua intervenção. Desse modo, a avaliação da criança com paralisia cerebral, deve ter enfoque neste modelo da CIF.
A partir desta nova classificação torna-se mais fácil atingir a real necessidade da criança e de sua família, através do conhecimento do impacto da condição de saúde no cotidiano do indivíduo.