Marcha Com Os Pés Voltados Para Dentro E Para Fora

A marcha com os pés voltados para dentro (intoeing) ou para fora (out-toeing) geralmente preocupa os pais de crianças com estes padrões de caminhada. É causada por excessos do ângulo de progressão do pé. A maioria dos médicos dispensa estas preocupações caso as quedas frequentes não sejam um problema, garantindo que espera-se que a criança cresça e estes problemas desapareçam, ou presumindo que não há problemas funcionais ou consequências a longo prazo em termos de degeneração das articulações. Os critérios clínicos para decidir sobre intervenções são vagos. (Ver “Sobre a Marcha com os pés voltados para dentro ou para fora” abaixo, para mais detalhes.)

 

Para crianças pequenas com desvios no ângulo de progressão do pé acompanhados de desordens neuromotoras como paralisia cerebral, espinha bífida ou ataxia cerebelar, TheraTogs Tank Top e Hipster são necessários para otimizar o controle e alinhamento postural como uma base para a melhoria do uso dos membros. Os elementos essenciais para alcançar a modelagem óssea e reduzir a marcha com os pés para dentro serão: correção do alinhamento das articulações do pé; treinamento para adquirir carga total do peso nos calcanhares; e troca competente de peso para o lado de apoio, para que o membro em movimento possa impor forças de rotação apropriadas no membro de apoio.

 

Crianças pequenas com o Sistema Nervoso Central intacto que apresentam marcha com o pés voltados para dentro devido a erros de modelagem no fêmur e outros ossos da perna, ou devido à frouxidão da articulação do joelho, devem estar aptas a utilizar TheraTogs Hipster somente, com uma tira TogRite adicionada para auxiliar a encurtar os músculos abdominais inferiores enquanto a criança é treinada a concentrar o peso corporal nos calcanhares assim como na parte dianteira dos pés. Com o alinhamento dos pés e o uso dos músculos abdominais, tiras de rotação são aplicadas aos segmentos alvo dos membros na direção da correção.

COMO THERATOGS PODE SER UTILIZADO PARA REDUZIR A MARCHA COM OS PÉS VOLTADOS PARA DENTRO OU PARA FORA?

Modelagem de Ossos e Articulações em Movimento – a alteração da forma óssea através de forças impostas pelo histórico de uso ocorre durante o crescimento (Ver também adaptação fisiológica) Conforme a flexibilidade dos ossos e articulações em crescimento diminui, também diminui a oportunidade de influenciar a forma dos ossos e articulações em desenvolvimento. Até que o oposto seja comprovado cientificamente, não recomendamos tentar corrigir problemas no ângulo de progressão do pé devido a torção óssea com aplicação de tiras de rotação após os 6 anos.

 

Antes de descobrir a causa musculo-esquelética do desvio no ângulo de progressão do pé, o primeiro passo na intervenção é avaliar e tratar quaisquer defeitos no alinhamento dos pés e tornozelos ou na mobilidade com o uso de órteses apropriadas. O desalinhamento dos pés pode piorar os problemas no ângulo de progressão.

 

O potencial de TheraTogs em afetar os ossos em crescimento ao melhorar o alinhamento das articulações funcionais durante o dia está relacionado à maturidade dos ossos e à natureza das atividades motoras diárias. As tiras TheraTogs são usadas para corrigir gentilmente o alinhamento funcional da pelve e membros durante o dia. Assim, é essencial que a(s) fonte(s) do desvio no ângulo de progressão do pé seja(m) identificada(s) com uma cuidadosa avaliação musculo-esquelética. [1] Fatores que podem contribuir incluem um ou mais destes componentes: rotação dos quadris, torção femoral, frouxidão na articulação do joelho permitindo rotação da perna; torção tibiofibular; rotação do tálus para dentro na articulação do tornozelo; desvio para dentro dos ossos longos do pé (metatarsos), ou desvio para fora da parte dianteira do pé devido à pronação (colapso do arco do pé).

 

A identificação destes componentes permite que o médico monte um plano apropriado de órteses e tiras. Em muitos casos, para alcançar correções específicas, um segmento do membro será girado em ume direção, enquanto outro será girado na direção oposta. Por exemplo:

Tiras para rotação lateral do quadril com assistência abdominal para o quadril e fêmur. Maria, 4 anos, Paralisia Cerebral diplégica

James, 16 meses, com rotação medial excessiva da perna sob fêmur em rotação lateral. Perceba os músculos abdominais longos. Ele utiliza assentos de calcanhar (não mostrados). Após a aplicação de tiras para encurtar e auxiliar os músculos abdominais, há 2 opões de tiras:
1) Utilizar uma tira para manter a perna em rotação lateral e a coxa em rotação medial, cada segmento girado na direção desejada durante a aplicação das tiras. OU 2) Utilizar uma tira para girar a coxa medialmente e outra para girar a perna lateralmente.

SOBRE A MARCHA COM OS PÉS VOLTADOS PARA DENTRO OU PARA FORA

Um elemento fundamental do desenvolvimento dos ossos e articulações – e padrões de caminhada relacionados – é a habilidade de gerenciar o peso corporal de forma efetiva. Um fator importante nesta habilidade é a biomecânica do alinhamento de ossos e articulações funcionais. Estes estão interconectados.

 

A marcha com os pés voltados para dentro reduz o comprimento funcional do pé, estimulando uma movimentação do centro de massa do corpo para a frente em um período em que a maior parte do pé imaturo é necessária à frente do corpo para auxiliar no desenvolvimento do equilíbrio contra quedas para a frente quando se aprende a andar. (Tente andar com os pés voltados para dentro. Você sentirá o peso muito para a frente, e preferirá correr a andar). Um médico treinado poderá ainda encontrar evidências patológicas dos pés voltados para dentro ao detectar rigidez nos músculos da canela e isquiotibiais – devido ao uso excessivo destes músculos para o equilíbrio.

 

“Crianças mais velhas (7-10 anos) com pés voltados para dentro mostraram menor velocidade na marcha, particularmente em condições difíceis de equilíbrio do que crianças com desenvolvimento típico”. [2, p.117]

 

A marcha com os pés voltados para fora interfere com a eficiência do andar ao restringir o comprimento dos passos, impondo pronação persistente nos pés na fase parada da marcha, e incapacitando o mecanismo de alavanca dos pés na propulsão.

 

Como pode ser esperado após o funcionamento diário em desalinhamento, os efeitos a longo prazo de um ângulo excessivo de progressão do pé podem acelerar a degeneração da articulação do joelho. “Nossas descobertas mostram que o alinhamento rotacional e frontal dos membros inferiores são fatores etiológicos na osteoartrite do joelho” [3, p. 209] “Quanto mais avançado o estágio da osteoartrite, maior era a redução na torção tibial externa. A maior redução na torção lateral está correlacionada à osteoporose vertebral lombar” [4, p. 177]

 

Turner et al (1982) obtiveram e analisaram 1672 medidas de torção tibiofibular utilizando um tropômetro em 836 pacientes distribuídos em 11 categorias diagnósticas de dor ou disfunção na articulação do joelho. Enquanto pacientes com instabilidade e condromalácia patelofemoral apresentaram um aumento significativo na torção tibiofibular lateral, a descoberta mais importante foi uma redução significativa nesta torção em pacientes com doenças panarticulares na articulação do joelho que motivaram visitas à clínica. [5]

 

Crianças com “marcha com os pés voltados para dentro” sintomática têm desvios cinemáticos primários e compensatórios que resultam em um aumento no peso sobre os joelhos durante a fase parada. Além de problemas como tropeços e quedas frequentes, elas podem relatar dor nos joelhos, pés e tornozelos. [6]

 

REFERÊNCIAS

  1. Legs & Feet: A Review of Musculoskeletal Assessments – a DVD of Beverly Cusick demonstrating 30 musculoskeletal assessment procedures- is available at the Progressive GaitWays website.
  2. Mallau S, Mesure S, Viehweger E, et al. 2008.Locomotor skills and balance strategies in children with internal rotations of the lower limbs. J Orthop Res. 26(1):117-25.
  3. Takai S, Sakakida K, et al ( 1985) Rotational alignment of the lower limb in osteoarthritis of the knee, p. 209. Int Orthop. 9(3):209-15.
  4. Yagi T, Sasaki T. 1986.Tibial torsion in patients with medial-type osteoarthritic knee. Clin Orthop Relat Res. (213):177-82.
  5. Turner MS, Smillie IS.1981. The effect of tibial torsion of the pathology of the knee. J Bone Joint Surg Br.;63-B(3):396-8.
  6. Davids JR, Davis RB, Jameson LC, et al. 2014. Surgical Management of Persistent Intoeing Gait Due to Increased Internal Tibial Torsion in Children. J Pediatr Orthop. 2014 Feb 13.